quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A crise numa perspectiva anarquista - publicado no A-Berrante! #1

Texto originalmente publicado no A-Berrante! número 1, outubro de 2015. 
 
CRISE PRA QUEM? E AFINAL, QUAL CRISE?

Alta nos impostos, nos preços, nos juros, no sacolão, no supermercado, nas tarifas… Mais uma vez, somos nós trabalhadores que estamos pagando pela crise, enquanto os bacanas de sempre continuam com seus privilégios intocados. Curioso os bancos quebrarem recordes de lucro, não? Aí fica a pergunta: crise pra quem?

É sempre assim: a crise vem, o governo se preocupa em blindar os grandes grupos financeiros e os seus aliados, garantindo-lhes o lucro e a fortuna, enquanto deixa para nós os cortes, os ajustes, o papel de economizar e de se virar. Em momentos de crise, a corda sempre arrebenta para o nosso lado.

Mas a crise é ainda maior. Para além dessa crise econômica, estamos vivendo uma verdadeira crise de direitos no país governado pelo suposto “Partido dos Trabalhadores”. O governo e o legislativo estão determinados a prosseguir com as “medidas de ajuste” e os cortes de direitos (o conhecido “ajuste fiscal”). Apesar de parecerem que estejam um contra o outro, o congresso e o governo estão em perfeita sintonia quando o assunto é a defesa dos interesses dos seus aliados e daqueles que os financiaram para estarem em Brasília.

SITUAÇÃO, OPOSIÇÃO, PT, PMDB, PSDB… QUAL A DIFERENÇA?


Do lado do executivo, o PT mentiu nas eleições descaradamente. Falou que não iraia mexer nos direitos, e mexeu. Falou que iria ter uma postura de esquerda, diferente do PSDB, e está tendo exatamente a mesma postura do PSDB, neoliberal e de direita. O governo, como de praxe, está usando a crise para implementar um pacote de medidas de austeridade que deve ser combatido. Cortes, em investimentos, programas sociais e direitos trabalhistas, mais impostos, congelamento de salários…

Já do lado do legislativo, o congresso segue tão afiado quanto. A oposição está fazendo de forma irresponsável a política do “quanto pior, melhor” pra atingir o governo Dilma, mas que atinge mais ainda o povo trabalhador. Esse é o perfil nefasto da oposição (PSDB, DEM, setores do PMDB e o resto da corja).
Além disso, tanto a Câmara quanto o Senado estão com forças-tarefa na elaboração e aprovação de medidas que miram para um imenso retrocesso no campo dos direitos humanos e que ferem toda a história de conquistas do povo brasileiro.

Dessa forma, os ataques promovidos entre congresso x governo não querem dizer que estejam defendendo interesses diferentes no governo. Nenhum está por nós. Cada um, da sua maneira, prossegue com políticas impopulares em defesa dos seus. É tudo uma questão de pressão por maior hegemonia; e dessas disputas de poder, hegemonia e influências, o que nos resta são as consequências drásticas em nossas vidas. Delas sempre saímos perdendo.

A ALTERNATIVA NÃO VEM DE CIMA!

O Estado e a mídia só nos apresentam como alternativas as CPIs, investigações, negociatas entre os poderes, acordões políticos, acordos entre burocracia sindical e o estado, juízes etc. Tentam nos fazer acreditar que as soluções só existem e são possíveis vindas daqueles que na verdade são o problema. Mas não. Fazem de tudo para que acreditamos que não há nada que possamos fazer, que o nosso papel é esperar e confiar que um dia a justiça chegará pela via dos poderosos.

Mas não acreditamos que nenhuma solução para as nossas vidas virá do governo, de um presidente, de deputados, senadores, de juízes ou de qualquer outra representação do governo. Não acreditamos que as eleições sejam alternativa, assim como não acreditamos que os juízes desse sistema desigual possam fazer a verdadeira justiça social. Todo governo é a representação da desigualdade e, dessa forma, ele nunca vai trabalhar para acabar com ela. 

A ALTERNATIVA VEM DAS RUAS E DA ORGANIZAÇÃO POPULAR!

Para que os nossos direitos não sejam cortados e para barrarmos os ataques do governo, a única saída é a nossa luta organizada. Chamamos de Poder Popular a força que temos quando estamos unidos, organizados e determinados a fazer e conquistar as nossas causas. E pensamos que é só com o Poder Popular que somos capazes de confrontar o poder das elites, dos políticos, da mídia: dos de cima.

Se não é a nossa união, feita nos nossos locais de moradia, estudo, trabalho, não teremos chances. É isso que chamamos de organização de base. Precisamos nos reunir entre a gente, discutir os problemas sociais e lutarmos por avanços. Nós por nós.

Os nossos direitos e o fim da desigualdade não interessam para os de cima: só interessam para nós. Para os de cima, o que interessa é a garantia dessa “ordem” como está. Por isso, se não for por nossas mãos, não será pelas mãos de ninguém. Se não resistirmos, unidos e dispostos, seremos sempre explorados e oprimidos.

Desse modo, nesse momento de crise, é pra ontem a tarefa de nos organizarmos e lutarmos. Mas precisamos que ela seja por via da ação-direta, que é a independência da nossa luta quanto aos partidos, as eleições, os candidatos e as velhas novas “alternativas” que ainda acreditam que a mudança vem do governo.

É preciso luta! Afinal de contas, não queremos ficar sempre lutando contra a maré, entra crise, sai crise, entra governo, sai governo… queremos ir até a raiz: queremos o fim da desigualdade e a justiça social. E é por isso que somos anarquistas.

Nenhum direito a menos!
Criar Poder Popular!

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