domingo, 9 de fevereiro de 2014

Todo Apoio à ocupação do Viaduto Santa Tereza!

Duelo de MC's
O que antes fizemos ser a casa dos movimentos populares, autônomos, da cultura independente e combativa, das atividades políticas, dos seminários, assembleias e grandes reuniões durante anos, que sempre mostrou-se ser o espaço de luta e autodeterminação da periferia e da população de rua no centro da capital, em um curto espaço de tempo tornou-se um alvo estratégico do governo de Minas, da prefeitura e de setores de empresários. Nunca olhavam com bons olhos para o Viaduto Santa Tereza; desprezavam-no. Quando olhavam, o olhavam com olhos furiosos, criminalizando-o e reprimindo-o. Todos os movimentos, grupos, coletivos e indivíduos que ocuparam o espaço sob o Viaduto e fizeram com as próprias mãos as agitações que hoje o caracterizam como um espaço de luta e resistência, não tiveram um mínimo apoio do governo ou dos setores empresariais: foram APESAR deles, foram em resistência a eles.

O que reúne desde o Domingo Nove e Meia, que pelo ano de 2008 reunia autonomistas, anarquistas, libertári@s, militantes e ativistas sob o viaduto em atividades culturais e políticas todo primeiro domingo do mês, o Duelo de MC's, a Assembleia Popular Horizontal, as reuniões do Movimento Fora Lacerda, os atos da A Outra Campanha e muitas outras mobilizações em um único barco são fundamentalmente dois aspectos: a realização das mobilizações sob o Viaduto e a repressão aos quais fora deflagrada com o intuito de calar, barrar, desmobilizar a reunião e a organização popular que ocupa a cidade, que toma a si o direito e o dever de fazer de sua cidade um grande palco de participação efetiva, de transformação e de luta.

Domingo Nove e Meia: 2007
Em todas essas oportunidades, absolutamente todas, há no mínimo um registro de intervenção das forças repressivas com a nítida intenção de nos apunhalar, seja física ou moralmente. O grande time da imprensa golpista, com a TV Alterosa, a Record, a Globo, Estado de Minas, Hoje em Dia etc. junto ao outro grande time da repressão do Estado, com a Polícia Militar, a Guarda Municipal e demais agentes de "segurança" já nos promoveram duros golpes quando manipulavam a opinião pública nos criminalizando e nos humilhavam, batiam, torturavam e prendiam com as batidas, as correrias, os tiros, as cacetadas, os vários giroflex que nos hostilizavam intimidando-nos. Tudo isso porque ocupamos um espaço que sempre foi marginalizado, com cultura e ação-direta marginalizadas. Tudo isso porque o sistema que ele reproduzem, reivindicam e defendem nos torna marginalizados, e, como consequência, tende a nos marginalizar e criminalizar mais.

Repressão e preconceito: Como o
estado dialoga com o movimento
Apesar dessas investidas seguíamos punho firme, erguido, com determinação e disposição de criar nossos laços, nossa identidade política, cultural e social, independente dos de cima. O fato do Viaduto ser um espaço dos movimentos populares e da periferia no centro da cidade incomoda muito as elites, os governantes, os gestores do capital. Pois, para eles, o centro não é lugar de povo se organizar, se fortalecer, de permanecer; nem o centro como nem a cidade. Na lógica deles, na cidade só cabem os seus, só valem os seus interesses: a gentrificação, a higienização social, a especulação imobiliária, a privatização dos espaços, a comercialização das relações, a polícia ostensiva e racista, o povo trabalhando, consumindo e voltando a suas casas imediatamente, retirando-se do centro ao findar o horário comercial. Nesse sentido, eles seguem operando, através dos vários meios possíveis, essa política excludente e desumana.

É justamente isso que representa os tapumes que foram instalados na região do Viaduto Santa Tereza, cercando-o absolutamente, de ponta a ponta. Sem comunicar ninguém, o governo do estado junto à prefeitura cercou o Viaduto e começou uma obra misteriosa. Da parte deles, ninguém sabe, ninguém fala, protela-se, quando se fala, o que é dito contradiz o que já havia sido informado e assim vai. A grande realidade é que a Família de Rua, a Real da Rua e outros coletivos/indivíduos autônomos estavam nesse processo de debate e consolidação de um projeto de reforma para a região já há um tempo. Inclusive, o fato de ter uma obra não é o problema, até porque foram feitas propostas do movimento para os órgãos institucionais sobre a reforma, como construir um piso "skatável", acabar com a arquibancada que limitava e dividia o espaço, instalar uma cesta de basquete em uma área que até então tinha estado abandonada etc. A grande questão é que não se sabe qual projeto está em curso, o que está por vir. Há mais de um projeto tramitando em torno de diferentes debates institucionais, sendo que em torno deles existem propostas péssimas como a pintura geral da região, apagando os grafites, as pichações, o cercamento dos espaços, uma gestão para o uso, tendo assim que haver autorização para fazer qualquer atividade na área... São várias as complicações em torno dessa obra que está sendo realizada.

Obras misteriosas do governo:
o que, pra quem, por que,
como, de onde?

Nesse sentido, o fato de não sabermos o que o governo do estado e a prefeitura estão realizando é bastante sintomático. Já temos experiências o suficiente para constatarmos que esse mistério todo é de fato uma manobra política para dar cabo à gentrificação e eliminação da mobilização popular na região. Se fosse positivo ao povo não seria misterioso, seria propaganda eleitoral. E existe ainda uma outra questão muito grande que envolve esse cercamento: o ataque moral que eles nos impuseram. A grande maioria da população que frequenta o Viaduto, para atividades artísticas, culturais, políticas ou de quaisquer outras naturezas, se sentiu violada ao ver os madeirites instalados. Em ano de Copa do Mundo o governo simplesmente cerca a região de maior resistência no centro, região onde surgiu a Assembleia Popular Horizontal e onde ela permanece, com uma obra que prevê o seu término apenas depois da Copa. O governo simplesmente ignora o Duelo de MC's e seu público, o movimento popular, as pessoas em situação de rua que habitavam a região, os grupos que lá se organizavam... e justamente por isso nos ataca.

Um golpe inadmissível. Por isso, nós, @s de baixo, toda essa gama popular que tem o Viaduto Santa Tereza inoculado em nosso espírito rebelde, decidimos o ocupar o Viaduto em obras por tempo indeterminado, até que nossas exigências sejam cumpridas. Segue, portanto, o comunicado oficial do movimento que ocupou e que convoca desde então toda a população a se somar e fortalecer a ocupação.

Momento da entrada da ocupação na obra: retirada dos tapumes

O que acontece aqui?

O Viaduto Santa Tereza, maior palco político e cultural de Belo Horizonte está ameaçado!
Ponto de concentração da periferia no centro da cidade, de diversos grupos, espaços, comerciantes, trabalhadores, moradores de rua e movimentos sociais, entrou em processo de reforma e expulsão desses que
ali se reuniam. Com pouca (para não dizer nenhuma) participação popular, o projeto inicialmente foi desenhado supostamente para atender as necessidades das pessoas que frequentavam o viaduto, mas esqueceram do óbvio: dar voz a elas.

O viaduto já está sendo destruído e até agora sequer sabemos qual projeto esta sendo executado, muito menos de que maneira e de onde veio o dinheiro para a obra. Além disso, outros planos de gestão e cercamento de espaços públicos já estão sendo traçados pela Prefeitura de Belo Horizonte e Governo de Minas que não é de conhecimento da população.

Diante deste contexto, queremos saber:
- que projeto está em execução?
- de onde vem o dinheiro para a obra?
- o que é esse projeto de requalificação?
- quais as legislações que estão sendo previstas para os baixios dos viadutos da cidade?
- para onde vai a população em situação de rua que vivia no viaduto Santa Tereza?

Por um viaduto verdadeiramente popular, autônomo, gerido pela população e para a população!

Para acompanhar >
https://www.facebook.com/events/1416362915277149/?ref=2&ref_dashboard_filter=upcoming

Assim, seguimos vigiando cada passo que o governo e os empresários dão e com punho firme para resistir às suas maracutaias e articulações antipopulares que só às elites interessam. Fortalecemos a ocupação e convidamos, mais uma vez, a população a se somar, a defender o que é de direito, os próprios direitos que são subtraídos pela Copa e o que já conquistamos com muita peleja.

Viaduto OCUPADO! Fortaleça!

O Viaduto é Nosso!
Não Vai Ter Copa!

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