quinta-feira, 11 de agosto de 2011

AS REVOLTAS POPULARES E A MÍDIA BURGUESA


Belo Horizonte, 11/08/2011  


REVOLTAS EM TODOS OS CONTINENTES: ESTE É O SÉCULO XXI, DA DISSIMINAÇÃO VELOZ DA INFORMAÇÃO E, NA MESMA PROPORÇÃO, DA REBELIÃO DAQUELES QUE SEMPRE SOFRERAM NA HISTÓRIA. ESTE É O SÉCULO XXI, NO QUAL A DIREITA INSISTE EM AFIRMAR QUE “REVOLUÇÃO É COISA DO PASSADO
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DA REVOLTA DO OPRIMIDO BRITÂNICO

Recentemente temos visto nas mídias as agitações violentas na Inglaterra, mas pouco se diz sobre o que levou à tal grande mobilização. Acontece que a polícia britânica, historicamente racista e xenofóbica, assassinou um rapaz de 29 anos no bairro Tottenham (Londres), um bairro carente da capital inglesa, onde predomina o desemprego e a pobreza. Negros, orientais, pobres e desempregados são freqüentemente oprimidos, explorados e humilhados não só em Tottenham ou Londres, como em qualquer lugar no mundo. Não distante, o Brasil tem uma das polícias que mais mata no mundo, chegando a matar mais que guerras no Oriente Médio. Um exemplo prático são as mais de 2 mil execuções (2.045) da PM de São Paulo em cinco anos, sendo que, segundo dados do FBI, TODAS AS POLÍCIAS dos EUA mataram, no mesmo período, 1.915 pessoas, ou seja, a polícia militar de SP executou 100 pessoas a mais que todas as polícias dos EUA, mesmo com esta última tendo uma população 8 vezes maior que a do estado de SP. Estes assassinatos não são, nem podem ser justificados como manutenção da paz e da ordem. Eles são reflexos da postura fascista da polícia, que não exerce a segurança pública, mas a manutenção do jogo de dominação da classe rica sobre os trabalhadores, desempregados, pobres, negros etc.

Existe uma política de higienização social que é fruto do capitalismo e assola toda a população pobre, principalmente moradores de comunidades e favelas. Essa higienização compreende reprimir as classes baixas e, quando necessário, executar essas pessoas indesejáveis em benefício da classe dominante. Isso não é radicalismo, é um fato que existe e vem crescendo paralelamente com as desculpas de “crescimento do crime organizado” e "investimentos na segurança pública para combatê-lo". Este argumento leva a população a acatar a violência policial, o domínio e vigilância do Estado sobre as individualidades das pessoas, maior controle da população, ou seja, domínio sobre o povo, tornando este uma uma "cria" própria. O Estado como assume o papel de pastor, e o povo o de ovelhas domesticadas.

Os conflitos na Inglaterra são reflexos de políticas segregatórias e mascaradas, com a falsa boa intenção de “busca pela paz social”; são consequências da constante humilhação dos oprimidos; são a resposta deles, já cansados da realidade capitalista. 

O ministro britânico David Cameron, fez uma declaração prometendo que não deixará que a "cultura do medo se instale nas ruas". Ora, que cultura do medo seria esta? Será mesmo que os trabalhadores, desempregados, negros, jovens pobres e desabrigados que estão lutando pela sua sobrevivência, estão sendo atingidos por uma “cultura do medo”? Essas ações violentas são justamente consequência de uma "cultura do medo" que existe e sempre existiu no capitalismo – e na história da humanidade -; do medo imposto pelo Estado, pelos empresários, burgueses, banqueiros, militares, clero, latifundiários, enfim: pelos detentores do capital, da grande mídia, das terras e principalmente da culturlização de nossa classe. Se hoje há uma "cultura do medo", ela é direcionada aos senhores, aos ricos opressores que a cada dia que passa, se amedrontam mais, diante das revoltas que estão nascendo em todo o mundo: América Latina, Ásia, Europa, África e Oriente Médio. Eles insistem, por meio da mídia corporativista, que revoltas populares são coisas passadas; que o espírito revolucionário morreu com a URSS; mas o século XXI está provando o contrário: os povos estão se organizando e lutando por sua emancipação e soberania de fato.

É natural que estejam com medo, pois suas regalias baseadas na expropriação, submissão e exploração estão com os dias contados.

O M.A.L declara solidariedade à resistência que se espalha pela Inglaterra. Todo poder ao povo inglês!

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DA REVOLTA CHILENA

Outra revolta que se destaca é a chilena. Mais de 100 mil pessoas marcham pelas ruas que um dia foram palco de outras combativas inssureições contra o ditador militar Augusto Pinochet, que por anos oprimiu o povo chileno defendendo os interesses burgueses, militares e reacionários. 

De manifestações pacificas à combates violentos com o choque da polícia, estudantes revolucionários ocupam as ruas, se impõe e provam que o poder popular é o único meio viável para a verdadeira liberdade.

A principal reivindicação dos rebeldes chilenos está ligada às políticas neoliberais do governo de Sebastián Piñera, que, além de não investir em um ensino público de qualidade, quer privatizar uma boa parte da educação, colocando-a nas mãos de empresários. Por melhorias no sistema educacional e contra a posição do governo nesse aspecto, professores e estudantes se mobilizaram e foram violentamente reprimidos pela polícia, que, em uma manifestação, prendeu quase mil estudantes e professores. O "crime"? Ser estudante, professor ou trabalhador indignado com a realidade social.

O M.A.L se solidariza aos insurgentes chilenos, que merecem, além da vitória social imediata, um mundo novo onde não existam mais estas maldições capitalistas que lhe destroem a paz, saúde e vida. Viva os rebeldes chilenos e de todo o mundo!

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DA MÍDIA CORPORATIVISTA MANIPULADORA

Companheiro Thomaz do MAL-BH na Marcha da Liberdade
Anarquistas sempre criticaram a mídia corporativista, uma vez que está atrelada intimamente à burguesia e, por isso, sua função é conformar e alienar o povo e criminalizar as lutas populares e movimentos sociais, organizações políticas revolucionárias, agitações sociais e políticas, greves, manifestações etc.

É importante para o anarquista, ajudar o povo a se desprender das correntes que o aprisonam no pensamento conformista do senso comum. 


Atualmente, em nossa grande mídia, as notícias e roteiros possuem em comum três princípios básicos:

1) Deturpar as agitações ativistas e, com isso, afastar o espectador da revolta
2) Mascarar a realidade, mostrando-a de maneira equivocada, e provocar a apatia social
3) Bestializar o povo e massificar culturas inúteis, que têm a função de eliminar a consciência crítica, social e política das pessoas

Com essa breve análise e várias outras que muitos camaradas já fizeram antes desta, baseados na crítica à imprensa burguesa, temos uma base concreta para, além de não acreditarmos, sentirmos demasiada revolta quando escutamos noticiários sobre protestos de resistência, como é o caso extremo da Inglaterra, no qual a imprensa está descaradamente atacando com todos seus tentáculos a inssureição revolucionária das massas exploradas.

Tenhamos cuidado com o pseudo-libertário discurso de "liberdade de imprensa", que alguns setores da mídia burguesa insistem em reinvindicar. A atual censura vem de dentro, da mesa do editor chefe, das tendências reacionárias desta instituição inimiga dos movimentos sociais, dos pobres, dos trabalhadores... A propóstio: nossa inimiga!

"Chamam de violentas as águas de um rio que tudo arrastam; mas não chamam de violentas as margens que as aprisionam" - Bertold Brecht 



Extra: 



Entrevista na TV Globo News, com uma postura inesperada do entrevistado (o sociológo Silvio Caccia Bava) que desafia a linha editoral e os repórtes do programa que tentam tendenciar a entrevista, apoiando a revolta dos insurgentes ingleses.

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