segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Apoio à greve da UNIR!


É notória a evolução das reivindicações populares no Brasil e no mundo, e um exemplo é a greve geral na Universidade Federal de Rondônia – Unir, que completa quase dois meses. A maior greve da história da UNIR tem reivindicações e denúncias objetivas. A greve denuncia a  falta de estrutura para o ensino, que não compreende laboratórios, equipamentos e materiais teóricos e a falta de professores efetivos; exige o fim das medidas ditatoriais da reitoria (sob a administração do reitor José Januário de Oliveira Amaral) e reinvindica a  democratização da universidade pública e o afastamento do reitor, que sofre de uma série de processos de “irregularidades em sua gestão, citando o caso do fechamento da Fundação RIOMAR por improbidade administrativa" (fonte: www.tudorondonia.com).

Como vimos, o nosso estado, Minas Gerais, foi palco de uma greve da educação pública que durou mais de três meses, unindo os professores estaduais grevistas com a poderosa o movimento estudantil, que foi um sustentáculo para a greve ganhar mais combatividade. Em Rondônia a história não está sendo diferente. Os estudantes, já revoltados com a precarização do ensino, com a falta de democracia na universidade e a arbitrariedade do reitor, se aliaram aos professores e no dia 5 de outubro ocuparam o prédio da reitoria.

Por lá permaneceram por duas semanas até que um oficial da Justiça Federal foi encaminhado com uma ordem de reintegração de posse para ser cumprida no dia seguinte, às 9 da manhã. Os estudantes não aceitaram a ordem expedida pelo juíz federal Rodrigo de Godoy Mendes e, no dia seguinte, pela parte da tarde, repararam agentes da Polícia Federal rondando o local registrando imagens do movimento e dos manifestantes, segundo os próprios grevistas.

De repente, na mesma tarde, alguns fogos de artifício foram estourados no local, o que serviu de argumento para a intervenção dos policiais federais (até então não identificados). Andaram no meio dos manifestantes até chegarem ao professor de história Valdir Aparecido, intimando-o a prestar esclarecimentos e, a principio, colocando-o como principal “suspeito” de explodir os fogos. 

Na tentativa de estabelecer um diálogo, o professor Valdir questiona a ação dos “agentes” e os manifestantes se aproximaram à discussão exigindo a identificação dos policiais. Sem argumentos factíveis, os policiais apreendem câmeras que estavam gravando ações da polícia, e partiram para a intimidação pessoal ao professor. O professor foi detido e, sem nenhuma prova prévia, foi acusado por um dos agentes federais por “agredir dois policiais”. Foi indiciado judicialmente por “incitação à violência”, “resistência à prisão”, “desacato a autoridade" e outros crimes que somados ultrapassariam quatro anos de prisão.

Além desses fatos, o outro agente da polícia federal em questão, é identificado como aluno da universidade em um vídeo gravado por um manifestante, e, como denuncia o vídeo também, este agente ousa dizer: “Aqui é assim, quem manda somos nós”. 

Com esses acontecimentos, que explicitam a ditadura instituída no Brasil até os dias de hoje, a greve e a mobilização estudantil não retrocederam. Pelo contrário, ganharam mais força e diversos apoios por todo o Brasil. Em nota, o comando de greve lança um texto esclarecedor sobre a situação:

"Obviamente, não é de interesse do REItor da UNIR e dos seus comparsas que os estudantes permaneçam ocupando a reitoria, visto que no interior do prédio existem provas documentais que comprovarão os crimes cometidos pelo Sr. Januário do Amaral. Provas e processos estes que serão facilmente manipulados, caso os estudantes desocupem o prédio da UNIR. 
Nossa greve tem como apelo a defesa irrestrita da UNIR enquanto universidade pública, gratuita, de qualidade e verdadeiramente democrática, comprometida com a formação profissional e intelectual dos filhos do povo. 
A ocupação da reitoria da UNIR se constituiu neste momento, em uma trincheira do povo, composta de estudantes e professores, que gritam em uníssono: BASTA! 
Defenderemos com unhas e dentes nosso legítimo direito de permanecer com a Reitoria ocupada, até que se proceda ao afastamento do Reitor da UNIR, para que nossa instituição possa novamente encontrar o fio de sua existência, da formação acadêmica de excelência, do pleno desenvolvimento científico. 
Responsabilizaremos diretamente o REItor José Januário do Amaral por eventuais danos a integridade física dos estudantes que hoje ocupam a Reitoria da UNIR. 
Responsabilizaremos o Secretário de Educação Superior do MEC, Luiz Cláudio Costa – que em reunião em Porto Velho havia se comprometido com a não desocupação da Reitoria – em caso de agressão a qualquer estudante por parte da Polícia, que historicamente, atua com truculência e violência na repressão e criminalização das justas lutas estudantis! 
Não retrocederemos!"
Hipocritamente, o reitor ataca a greve com um discurso extremamente fascista e claramente com orientações ditatoriais herdadas do regime militar. Tenta criminalizar de todas as formas os estudantes encapuzados que escondem seus rostos para não serem perseguidos pelo Estado.

O MAL-BH presta solidariedade à greve e à ocupação da reitoria. Nos posicionamos veementemente em defesa de uma educação pública, gratuita, de qualidade, que valorize os trabalhadores de ensino e os estudantes e que abranja integralmente todos e todas, um direito fundamental e irrevogável à juventude da classe trabalhadora. 

Como dizemos na introdução deste texto, a pressão popular está em constante crescimento no mundo, o que retrata a insatisfação dos trabalhadores e estudantes ante o sistema capitalista e a seus aparatos sociais e políticos. É momento de reflexão acerca das precariedades provenientes do capitalismo, acerca de suas contradições e suas consequências negativas para a humanidade. Greves gerais, ocupações, insurreições estão mais constantes e cada vez mais combativas. Saudamos a todas e todos que se levantam contra as injustiças, contra o capital, assim como saudamos com muito regozijo tais levantes no Brasil.

A luta não pode parar, não deve parar. A greve é legítima e a ocupação necessária. É com essa pressão popular que o Estado mostra suas garras sem escrúpulos, deixando cair a máscara da “democracia” e relevando sua verdadeira face ditatorial.

Assista o vídeo da prisão do professor Valdir:


VIVA A GREVE NA UNIR!
VIVA A OCUPAÇÃO DA REITORIA!
FORA REITOR FASCISTA JOSÉ JANUÁRIO DE AMARAL!
FIM À DITADURA!


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